
Movimento comemora 40 anos de existência
Por Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil
      Para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a        retomada da reforma agrária é uma forma de enfrentar a pobreza no        Brasil. Segundo um dos membros da coordenação nacional do        movimento, Jaime Amorim, a redistribuição de terras improdutivas        poderia ser uma forma de garantir renda para famílias que        atualmente vivem sem condições mínimas.
      "A reforma agrária é uma alternativa para enfrentar a pobreza.        Se o governo quiser, a forma mais barata, mais fácil de garantir        trabalho para as pessoas é a reforma agrária. Não existe nenhuma        política mais barata de geração de trabalho e de emprego", disse        neste sábado (27), durante o encerramento do encontro da        coordenação nacional do MST, que ocorreu ao longo da semana.
      Esse modelo de produção rural tem, segundo Amorim, grande        potencial de gerar ocupações e rendimentos que vão para além dos        assentados.
      "Porque quando você assenta [concede terras] uma família, você        não está criando um trabalho. Você está empregando ou dando        trabalho para toda a família. Além de que nas safras e nos        plantios, nas colheitas, utiliza sempre força de trabalho das        pessoas que vivem ao redor."
      Amorim criticou, no entanto, a falta, até o momento, de        diretrizes para fazer a distribuição de terra para as famílias        dispostas ao trabalho no campo. "Infelizmente, ainda não existe um        programa de reforma agrária do governo que determina a meta, que        determina a estruturação. Nós tivemos um ano muito ruim, sem verba        para reforma agrária", reclamou durante a entrevista coletiva em        que a coordenação divulgou as visões do MST a partir dos debates        dos últimos dias.
      Violência
      A organização de grupos armados para combater movimentos de        camponeses e de populações indígenas é um ponto de preocupação        para o MST.
      "A gente precisa denunciar o que tem sido essa tentativa        efetiva, não só uma tentativa, mas uma organização efetiva dessa        milícia no campo brasileiro, que é esse movimento que eles têm        denominado de Invasão Zero. Então isso é uma afronta contra a        democracia, isso é uma afronta contra o direito legítimo da        organização popular e da luta pela terra e das lutas populares no        nosso país", destacou Ceres Hadich, que compõe a direção nacional        do MST.
      No último domingo (21), uma comunidade pataxó hã-hã-hãe foi        atacada por um grupo de homens que tentou retomar à força uma        fazenda ocupada pelos indígenas e reivindicada como território        tradicional. De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do        Brasil (Apib), o ataque que resultou na morte de uma mulher foi        planejado por um grupo autointitulado Invasão Zero.
      Apesar da violência, o MST não demonstra a intenção de desistir        dos métodos tradicionais de luta, como as ocupações de terras e as        manifestações.
      "Nós vamos continuar fazendo luta pela reforma agrária, fazendo        ocupações massivas. Vamos para a estrada, vamos fazer caminhada        para dizer primeiro, existe terra improdutiva e muitas", enfatizou        Jaime Amorim.
      Diálogo com a sociedade
      Para além da disputa política, Ceres acredita que a divulgação        da produção das famílias assentadas pela reforma agrária ajuda a        sociedade a entender o papel do MST.
      "Sem dúvida nenhuma essa simbologia muito concreta do alimento        chegar à mesa das pessoas tem ajudado nesse processo de diálogo        com a sociedade brasileira," diz tanto sobre a venda direta dos        produtos nas feiras e lojas do movimento, como nas doações        realizadas pelos produtores.
    
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# Correio do Poder



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