O mês de fevereiro contempla o Dia Mundial do Câncer e Dia Internacional do Câncer Infantil. As datas visam à conscientização da sociedade sobre o câncer e ações em conjunto para o controle e prevenção da doença - Foto: Gabriel Jabur |
Dia Mundial do Câncer: Conscientização global e ação conjunta para combater a doença
O Dia Mundial do Câncer (04/02) foi instituído pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) — uma organização internacional não-governamental com sede na Suíça que reúne mais de mil organizações ligadas ao câncer em cerca de 160 países—, com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS). A data tem como principal objetivo trazer maior conscientização sobre a doença promovendo ações de educação e diálogo com governos. Este mês também contempla o calendário com o Dia Internacional do Câncer Infantil (15/02).
Outra pretensão do Dia Mundial do Câncer é unir nossas vozes e entrar em ação, fortalecendo alianças, buscando colaborações inovadoras e celebrando avanços reais em diferentes esferas. É também uma oportunidade de alertar a sociedade sobre a importância de ações em conjunto dos governos Executivo, Legislativo e Judiciário e de toda sociedade civil organizada para falar sobre equidade e garantir acesso à prevenção e redução de riscos, à detecção precoce, ao diagnóstico e ao tratamento e cuidado do câncer.
No Brasil, a iniciativa é protagonizada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), instituição parceira da UICC, para influenciar a mobilização de governos e indivíduos para o controle do câncer. Dentro da proposta da campanha deste ano, a importância da equidade no controle do câncer vai abordar as barreiras que impedem as pessoas em todo o mundo de ter acesso aos cuidados fundamentais para o tratamento da doença.
O Inca considera o câncer um problema de saúde pública e, de acordo com a instituição, houve um aumento de 20% na incidência, sendo que para 2030 espera-se que sejam registrados mais de 25 milhões de novos casos. Estimativas do número de casos novos de câncer são uma ferramenta poderosa para fundamentar políticas públicas e alocação de recursos para a promoção do combate à doença. A vigilância do câncer é um elemento crucial para planejamento, monitoramento e avaliação das ações de controle do câncer.
De acordo com a UICC, caso não sejam tomadas medidas urgentes para aumentar a conscientização sobre o câncer e desenvolver estratégias práticas para lidar com a doença, em 2025, deverão ocorrer 6 milhões de mortes prematuras por câncer. A estimativa é de que, anualmente, 1,5 milhão de mortes por câncer poderiam ser evitadas com as medidas adequadas para atingir a meta "25 para 25" da Organização Mundial da Saúde (OMS), que visa reduzir as mortes prematuras por doenças não transmissíveis em 25% até 2025.
Conforme dados do Inca, lamentavelmente para este triênio (2023-2025) são esperados 704 mil novos casos de câncer. Excetuando o câncer de pele não melanoma, ocorrerão 483 mil casos novos. O câncer de mama feminina e o de próstata foram os mais incidentes com 73 mil e 71 mil casos novos, respectivamente. Em seguida, o câncer de cólon e reto (45 mil), pulmão (32 mil), estômago (21 mil) e o câncer do colo do útero (17 mil).
Tratamento em Goiás
Em Goiás, de acordo com o diretor do Hospital Araújo Jorge, Jales Benevides, que está à frente deste que é o único Centro de Alta Complexidade em Oncologia de Goiás, onde 92% da demanda atendida é pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os recursos nem sempre são suficientes, especialmente devido a defasagem da tabela SUS, que não paga a integralidade do tratamento.
Benevides alerta que a tabela SUS não era reajustada há mais de 20 anos, só agora em janeiro, o presidente Lula sancionou o projeto que determina a revisão anual dos valores de remuneração dos serviços prestados ao SUS, e a tabela será revisada em dezembro de cada ano.
Entretanto, a incidência de várias doenças está aumentando porque a população está exposta a determinados agentes que estão no ar, no alimento, na água, no ambiente. O tabagismo, a radiação solar, o uso de alimentos que não são saudáveis, a obesidade, todos esses são fatores de risco para o câncer. São pacientes sadios que estão expostos a estes fatores de risco e podem desenvolver o câncer.
O presidente revela que o Hospital Araújo Jorge só consegue manter seus atendimentos devido às emendas parlamentares e doações que recebem. Ao fazer o balanço, a unidade referência em Goiás informou que realizou somente no ano de 2023 cerca de 73 mil atendimentos de pacientes do Estado e de diversas regiões do País.
Ao comentar sobre os tratamento atuais para o câncer, o diretor do Hospital Araújo Jorge, disse que existem avanços com a ciência trabalhando pela vida com cirurgias minimamente invasivas, a reconstrução mamária quando se fala do câncer de mama, o diagnóstico precoce, novos medicamentos, imunoterapia, entre outros avanços onde é aplicada tecnologia nas modalidades do tratamento de câncer.
"Do ponto de vista do tratamento, ao longo dos anos tivemos avanços nos três pilares: cirurgia oncológica, com métodos menos invasivos e até com o uso de robôs; quimioterapia, com drogas com menos toxicidade; e radioterapia com tecnologias mais avançadas e precisas, diminuindo o número de sessões e os efeitos colaterais ao paciente. Além disso, há de se comemorar a incorporação de novos medicamentos para o tratamento do câncer pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que vai ajudar muitas pessoas em tratamento no Brasil", ressaltou Benevides.
Câncer Infantil
Durante entrevista à equipe de reportagem da Agência de Notícias da Alego, a médica pediátrica e oncologista, Vanuza Maria, avaliou que o câncer infantil é um problema de saúde pública por ter incidências crescentes, a gente tem cada vez mais tratamento e novas opções terapêuticas e tem vivido um momento importante com relação a chance de cura da doença. Então, o objetivo é chamar a atenção para a doença para que possamos fazer o diagnóstico precoce, com as famílias e as crianças chegando o quanto antes para serem tratadas e sobretudo acolhidas.
Os cânceres infantis mais comuns variam um pouco de acordo com a faixa etária, mas via de regra são os tumores do sistema nervoso central, os cânceres do sangue que são as leucemias, os linfomas que são dos tecidos linfáticos e os cânceres dos tecidos conectivos que são os sarcomas de parte óssea e tecidos estruturais.
O Câncer adulto e infantil são bastante diferenciados. A gente fala que não existe semelhança entre eles, pois eles são extremamente diferentes. Diferentemente do adulto, o câncer infantil não está relacionado com o estilo de vida. Na infância, à exceção de raríssimos casos, não existe um culpado ou predeterminação para a doença. Ele é uma alteração genética que predispõe ao proliferamento da célula. Seja no crânio, na medula óssea, nos ossos ou em algum músculo. Então a gente não tem uma causa para o surgimento do câncer infantil.
O câncer infantil não tem sintomas específicos por isso a importância da criança ter acompanhamento pediátrico constante. Mas normalmente o que a gente deve observar é se a criança está brincando, comendo normalmente, se ela tem queixas de dores de cabeça, vômitos inexplicáveis, palidez, febre persistente, caroços pelo corpo, roxos e manchas sem explicação. Nesses casos, essa criança precisa de uma avaliação imediata. A avaliação clínica é determinante para que seja feito o diagnóstico o mais precocemente possível, portanto os pais devem manter seus filhos nas consultas de rotina com o médico pediatra.
Hoje a oncologia pediátrica no Estado de Goiás não tem fila de espera. É importante avaliar que estamos vivenciando uma melhoria de assistência na qualidade da saúde e na capacidade de diagnóstico, por conta disso a gente tem visto um aumento no número de casos relacionados à melhoria da assistência à saúde.
Só nos últimos três anos, a pediatria do Hospital Araújo Jorge recebeu 3.500 pacientes, atendendo toda a demanda do SUS de crianças e adolescentes com câncer, regulados para o Estado de Goiás. Nesse período foram realizadas mais de 20 mil consultas, lembrando que não há fila de espera para a primeira consulta. No setor foram realizadas mais de 30.205 aplicações de quimioterapia, além de 7.543 aplicações de radioterapia.
Agência Assembleia de Notícias
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