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| A Justiça do Trabalho julgou, entre 2020 e 2023, 419.342 ações envolvendo assédio moral e sexual | Foto: Divulgação/CGDF | 
Somente no primeiro semestre de 2023, o Ministério Público do Trabalho (MPT) registrou 8.458 denúncias de assédio no Brasil, quase o mesmo número registrado em 2022 (8.508)
Por Agência Brasília* | Edição: Ígor Silveira
      A data 2 de maio foi escolhida como o Dia Nacional de Combate          ao Assédio Moral no Trabalho, com o objetivo de promover em todo          o país momentos de debates, ações de conscientização e campanhas          que trabalhem a reflexão sobre as causas, efeitos e a maneiras          de se prevenir com que casos relacionados ao tema não aconteçam          no ambiente profissional. Somente no primeiro semestre de 2023,          o Ministério Público do Trabalho (MPT) registrou 8.458 denúncias          de assédio no Brasil, quase o mesmo número registrado em 2022          (8.508). Além disso, um estudo realizado em 2023 mostrou que          41,6% dos entrevistados relataram algum caso de assédio vivido          no ambiente de trabalho – Pesquisa da Laudit Tecnologias.
        Para Michelle Heringer, que é membro titular da Comissão          Especial de Combate e Prevenção ao Assédio do GDF e chefe da          Assessoria de Apoio aos Julgamentos da Controladoria-Geral do          DF, uma das formas de se prevenir os casos de assédio no          trabalho é incentivar o debate sobre o tema, mas pontua que          falar do problema é sempre uma opção, mas não a única. "Conhecer          o assunto é importante não apenas para que os gestores saibam          como proceder em situações do tipo, mas também para que estes e          os demais colegas de equipe compreendam quais atitudes devem ser          evitadas para que não sejam eles mesmos os assediadores",          explica.
        A Justiça do Trabalho julgou, entre 2020 e 2023, 419.342          ações envolvendo assédio moral e sexual. O volume de processos          julgados sobre assédio sexual cresceu 44,8% no período, e o de          assédio moral aumentou 5%. Os dados foram divulgados no dia 2 de          maio de 2024. Para o professor, mestre e advogado Frederico          Barbosa, os indicadores não apontam, necessariamente, que o          ambiente corporativo esteja piorando.
        Segundo ele, que é especializado em Direito Trabalhista, há          algumas razões que podem explicar esse aumento. "Os números          subiram porque agora o trabalhador não só entende o que é o          assédio, como também desenvolveu autopercepção de que ele,          enquanto cidadão, detém de muitos direitos que, para além dos          deveres e obrigações, lhe concedem dignidade. Ele sabe que          merece respeito e como recorrer caso isso não aconteça",          afirmou.
        Tanto Michelle quanto Frederico concordam que para virar o          jogo, o mercado de trabalho precisa planejar e agir para          combater posturas organizacionais e comportamentos que favoreçam          os casos de assédio (de qualquer natureza). O incentivo de uma          cultura institucional saudável é indispensável para apresentar          resultados positivos e estimular o respeito mútuo, preservando a          saúde mental dos funcionários. Outra questão essencial é que o          trabalhador denuncie e que as empresas e órgãos públicos tenham          uma estrutura para acolher a vítima.
        Todas as Ouvidorias do GDF podem receber denúncias, elogios,          reclamações, sugestões ou solicitações de serviços –          independentemente do tema, desde que relacionado ao Governo do          Distrito Federal. Os registros devem ser feitos por três meios:          no Participa DF, presencialmente nas Ouvidorias dos órgãos do          GDF ou pela central 162
        Denúncia
        Todas as Ouvidorias do GDF podem receber denúncias, elogios,          reclamações, sugestões ou solicitações de serviços –          independentemente do tema, desde que relacionado ao Governo do          Distrito Federal. Os registros devem ser feitos por três meios:          no Participa DF, presencialmente nas Ouvidorias dos órgãos do          GDF ou pela central 162 (de segunda a sexta-feira, das 7h às          21h. Fim de semana e feriados, das 8h às 18h. A ligação é          gratuita para telefone fixo e celular).
        A denúncia pode ser feita de forma sigilosa. Ela será          encaminhada à Comissão Especial de Combate e Prevenção ao          Assédio. Para fazer uma boa denúncia é recomendado construir o          relato com riqueza de detalhes e, se possível, com provas, como          por exemplo gravações, bilhetes e e-mails. Outra dica é evitar          situações isoladas com o assediador e buscar apoio de colegas          testemunhas. Também é importante que o fato seja comunicado ao          setor responsável ou chefe imediato.
        Após o registro, inicia-se com o encaminhamento da denúncia à          Ouvidoria que, de lá, segue para a Comissão que fará análise e a          identificação do conflito. Caso não haja indícios de assédio, o          caso é arquivado e, se verificada a má-fé do denunciante, há uma          apuração administrativa.
        O número de denúncias de assédio realizadas ao Ministério          Público do Trabalho no Distrito Federal (MPT-DF), chegou a 653          em 2023, quase mais do que o dobro de 2022, quando foram          realizadas 313. Só em 2024, já foram 255 denúncias até o dia 21          de abril. Os dados incluem registros do serviço público e          privado.
        Basta falar para resolver?
        Debater o tema no ambiente de trabalho familiariza os          servidores, mas é essencial que ao conhecer o tema, seja gerada          uma autoanálise das próprias ações e comportamentos e a busca          por maneiras mais saudáveis de manter as relações no trabalho:          "Atualmente, as pessoas têm muito receio de conversar, inclusive          com a liderança, pois não sabem até onde podem ir. Enquanto as          chefias têm receio de adotar práticas inerentes à gestão, como          cobrar horários ou serviços. Por isso a importância de se          aproximar do tema", reforça a chefe da Assessoria de Apoio aos          Julgamentos da CGDF.
        *Com informações da Controladoria-Geral do DF
      


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