ARTIGO Racismo é crime, não opinião

Neste Dia Nacional do Combate à Discriminação Racial, é preciso mais do que palavras de solidariedade. É preciso reafirmar, com firmeza, que racismo não é opinião, não é mal-entendido, não é exagero. É crime. E, como tal, deve ser enfrentado com coragem, consciência e ação.

Vivemos em um país marcado por profundas desigualdades históricas. Mesmo com os avanços institucionais, o racismo estrutural ainda fere silenciosamente milhões de brasileiros todos os dias. Dados do IBGE mostram que pessoas negras são as que mais sofrem com a pobreza, o desemprego, a violência e a falta de acesso à educação e à saúde. De acordo com o Atlas da Violência, cerca de 77% das vítimas de homicídio no Brasil são negras. Nos espaços de poder e decisão, ainda são minoria. No sistema de justiça, são maioria entre os que respondem processos e minoria entre os que julgam.

Essas desigualdades atravessam gerações. O IBGE aponta que pessoas negras recebem, em média, 42% menos que pessoas brancas. A informalidade também é mais alta. Ela atinge 45,8% dos pretos e pardos, contra 34,3% dos brancos. No campo da educação, apenas 19% dos jovens negros entre 18 e 24 anos estão na universidade, enquanto o percentual entre os brancos é quase o dobro. E os números da violência policial escancaram a seletividade: oito em cada dez pessoas mortas em ações policiais são negras. O racismo não é apenas estrutural, é também institucional.

Como advogado e fundador do projeto Justiça Para Todos, lido diariamente com histórias de desigualdade e exclusão. São rostos, vozes e trajetórias que mostram o quanto ainda precisamos avançar. Mas também são histórias de resistência, superação e luta por dignidade. A justiça, para ser plena, precisa alcançar a todos. Sem exceções. Sem silêncios. Sem conivência.

Neste dia, faço um chamado à reflexão e ao compromisso; que cada um de nós seja parte ativa da construção de um Brasil mais justo. Que possamos ouvir, aprender, reconhecer nossos privilégios e usar nossas vozes e posições para transformar realidades. O combate à discriminação racial não é tarefa de alguns. É responsabilidade de todos.

A justiça só se cumpre plenamente quando reconhece o valor de cada vida, sem distinção de cor ou origem. E enquanto houver racismo, seguiremos lutando.

Renato Rocha

Advogado e fundador do projeto Justiça Para Todos

Renato Rocha, advogado



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