Movimento nacional reforça cooperação entre saúde, educação e sociedade civil na luta pela eliminação do câncer do colo do útero

Foto: Erasmo Salomão/SAES/MS

Iniciando o mês de outubro, movimento articula novas ações para ampliar cobertura vacinal e fortalecer a prevenção

A Aliança Nacional pela Eliminação do Câncer do Colo do Útero reuniu, em Brasília, lideranças de diferentes setores no encontro “Educação, Saúde e Sociedade Civil contra o Câncer do Colo do Útero”, conduzido pelo Instituto Vencer o Câncer e pelo Grupo Mulheres do Brasil. A iniciativa mobilizou autoridades, entidades e organismos nacionais e internacionais para discutir estratégias conjuntas de ampliação da vacinação contra o HPV, fortalecimento da prevenção e aprimoramento do diagnóstico precoce da doença.

Participaram do debate representantes do Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), entre outras instituições. Entre as principais propostas apresentadas, estiveram a mobilização para o resgate vacinal de adolescentes entre 15 e 19 anos, o fortalecimento do Programa Nacional de Vacinação nas escolas e o apoio à ampliação do teste molecular de HPV no Sistema Único de Saúde (SUS).

Diálogo produtivo entre sociedade civil e governo

Para Ana Maria Drummond, diretora institucional do Instituto Vencer o Câncer, o formato do encontro foi decisivo para estimular um diálogo mais produtivo e alinhado às necessidades reais de implementação. 

A proposta foi realizar uma verdadeira reunião de trabalho, com diversas instâncias representativas. Essa diversidade de vozes tornou o debate muito mais rico e assertivo, fortalecendo o papel da sociedade civil em potencializar todas essas frentes de trabalho

, destacou a diretora.

O Secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Sales, também reforçou a importância de estreitar o diálogo com a atenção primária e compreender o caráter específico da doença. 

A oportunidade que temos de revisitar isso (a prevenção do câncer do colo do útero e a vacinação contra o HPV) é fundamental. E, para isso, é preciso ter a paciência histórica de fazer a entrada e a conversa nas Unidades Básicas de Saúde para uma ‘catarse’

, afirmou. Segundo ele, o câncer do colo do útero é uma doença intimamente associada ao HPV, presente em 99% dos casos. Trata-se de uma infecção de transmissão sexual que tem apresentado comportamento cada vez mais preocupante, com ocorrência em estágios avançados e em faixas etárias cada vez mais jovens.

Foto: Erasmo Salomão/SAES/MS


De acordo com Mozart, as estratégias apresentadas por Renata Reis, coordenadora da iniciativa de implementação do novo rastreamento do câncer do colo do útero na Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, representam um avanço importante nas ações de prevenção. Em sua exposição, ela detalhou o planejamento para a implantação do teste molecular de HPV em municípios priorizados, destacando a preparação da estrutura e da rede para atender à demanda gerada pelo rastreamento organizado.

A força da cooperação

Para Fabiana Peroni, diretora de Projetos e Parcerias do Grupo Mulheres do Brasil, o encontro foi marcado por uma forte sinergia entre os diferentes setores e pela disposição para construir soluções de forma colaborativa.

Foi uma reunião de trabalho muito rica, com uma potência enorme, porque conseguimos reunir diferentes áreas, como representantes da sociedade civil, CONASEMS, Ministério da Educação, saúde indígena e outros setores do Ministério da Saúde

, ressaltou. 

“O mais impactante foi perceber essa abertura para o diálogo. A principal reflexão foi sobre como a sociedade civil pode contribuir de forma efetiva, apoiando e somando aos esforços já existentes, sem precisar reinventar a roda”, afirmou. Segundo ela, dessa troca surgiram diversas oportunidades, como o aproveitamento de ferramentas e programas já disponíveis para ampliar as ações de vacinação.

“O Ministério da Educação, por exemplo, sugeriu enviar mensagens pelo aplicativo do programa Pé de Meia; a área de saúde digital propôs incluir alertas no Meu SUS Digital. Cada instituição colocou na mesa o que podia oferecer, e agora o desafio é potencializar tudo isso de forma coordenada”, contou.

O que nos move é fazer juntos o que for preciso para alcançar mais jovens agora e, no médio e longo prazo, eliminar o câncer do colo do útero

, afirmou Fabiana Peroni.

Peroni ainda garantiu que será dado seguimento às ações de curto prazo, envolvendo as demais organizações da Aliança, com implementação prevista até dezembro. As medidas terão como foco o aumento da cobertura vacinal entre adolescentes e o fortalecimento do Programa Nacional de Imunização (PNI).

A cofundadora e vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Sabin, Janete Vaz, destacou as ações já em andamento em Brasília. 

Nós, do Grupo Mulheres do Brasil, estamos unidas nessa causa. Em parceria com as Secretarias de Saúde e Educação, temos promovido ações de conscientização em escolas, envolvendo professores, alunos e pais. Profissionais voluntários da saúde esclarecem dúvidas e orientam sobre a importância da vacina contra o HPV

, explicou.

De acordo com ela, a capacitação dos professores como multiplicadores tem se mostrado essencial, já que o trabalho prévio de sensibilização tem elevado de forma significativa a adesão à vacinação. 

Seguimos mobilizando a sociedade para fortalecer essa luta

, garantiu.

Sobre a Aliança Nacional

A Aliança Nacional pela Eliminação do Câncer do Colo do Útero é um movimento colaborativo lançado em 2024 pelo Instituto Vencer o Câncer e pelo Grupo Mulheres do Brasil, que une sociedade civil, governos e empresas para combater o câncer do colo do útero no país.

Foto: Erasmo Salomão/SAES/MS

A iniciativa tem como foco promover a vacinação contra o HPV, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da doença, buscando erradicar um tipo de tumor altamente prevenível, mas que ainda causa muitas mortes no Brasil devido à falta de informação e de acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento.

Revisão e divulgação: Grupo Mulheres do Brasil, Núcleo Brasília-DF

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