Maria Luiza Reis, CEO da Lab245 e vice-presidente da Confederação Assespro, defende o uso da Inteligência Artificial para escutar de forma genuína o cidadão e transformar dados em decisões inteligentes para o futuro urbano.
Segundo a executiva, os gestores municipais vivem um momento decisivo: têm à disposição tecnologias capazes de transformar a relação entre poder público e população, mas muitos ainda não sabem utilizá-las de forma estratégica.
“Em meio a um cenário repleto de tecnologias promissoras, os prefeitos dependem de indicadores para medir o sucesso de suas ações. O problema é que muitos desses indicadores contêm vieses invisíveis, que distorcem a realidade sem que a administração perceba”, explicou Maria Luiza.
Ela cita um exemplo prático: a substituição do atendimento humano por aplicativos, chatbots e sistemas de voz automatizados. Embora a intenção seja modernizar e agilizar o serviço, o resultado muitas vezes é o oposto — cidadãos que não conseguem expressar suas reais demandas, por estarem presos a menus limitados e pré-definidos.
“Cidades são organismos dinâmicos. Canalizar as demandas por vias restritas gera ineficiência e distorção dos dados. Um canal que não captura a queixa real é um canal tendencioso”, alerta.
A solução, segundo Maria Luiza, está em permitir que o cidadão se comunique livremente com a prefeitura, e que essas informações sejam tratadas por sistemas de Inteligência Artificial capazes de compreender a linguagem natural.
A tecnologia pode identificar automaticamente o assunto principal, o contexto, o local e a urgência de cada demanda, encaminhando-a ao setor correto. Além disso, a IA consegue detectar padrões e tendências emergentes, ajudando os gestores a agir com antecipação.
“Com esse modelo, o prefeito deixa de ser refém de pesquisas caras e pontuais e passa a ter um termômetro em tempo real da cidade. Ele pode resolver problemas antes que se tornem crises”, afirma.
Para Maria Luiza, os prefeitos realmente têm a faca e o queijo na mão. A tecnologia está disponível — falta apenas utilizá-la com propósito e sensibilidade para amplificar, e não silenciar, a voz do cidadão.



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