O tsunami no Congresso: estratégias digitais e o quebra cabeça político em tempos de crise

 Por Hellen Quida, especialista em comunicação política digital

A tensão que se instalou no Congresso Nacional nos últimos dias é mais do que uma crise entre poderes, é uma aula prática sobre como reputações políticas são construídas (ou destruídas) em público. O presidente da Câmara, Hugo Motta, vinha surfando bem nas redes, com uma presença digital calculada e serena. Mas bastou o cenário virar, com a prisão domiciliar de Bolsonaro e a pressão da oposição bolsonarista por anistia e impeachment, para o silêncio de Motta se tornar ensurdecedor. E na política, como se sabe, o que não se explica, se complica.


No vácuo da comunicação oficial, surgem narrativas paralelas e nelas, quem se cala perde

Davi Alcolumbre, presidente do Senado, enfrenta dilema semelhante. Ambos tentam manter a governabilidade no fio da navalha: de um lado, aliados exigem reações duras contra o Supremo Tribunal Federal. Do outro, resistem a ações que aprofundem ainda mais a instabilidade institucional. Mas ao se calarem diante do barulho crescente, entregam à oposição o controle da narrativa e isso é tudo o que ela precisa. A ausência de uma comunicação clara, ativa e estratégica está minando a imagem de quem até ontem comandava o tabuleiro.


No marketing político digital, presença e timing são tudo. A oposição entendeu isso perfeitamente: protestos com esparadrapos na boca viralizam, vídeos são compartilhados em massa, e os apoiadores recebem mensagens diretas que exalam sentimento de traição e abandono. Enquanto isso, os líderes da Câmara e do Senado parecem jogar xadrez no escuro, torcendo para que o tempo resolva uma crise que só tende a crescer. O problema é que, no vácuo da comunicação oficial, surgem narrativas paralelas e nelas, quem se cala perde.


A lição é simples, ainda que difícil de digerir: em tempos de crise, o silêncio pode ser visto como estratégia, mas também pode ser interpretado como fraqueza. Em política, o que o líder escolhe não mostrar ou não dizer comunica tanto quanto seus discursos mais ensaiados. E se tem algo que essa crise confirma é que comunicação política também é sobre escolhas invisíveis. O que você decide não fazer, também fala. E às vezes, grita.


Hellen Quida

Jornalista e professora atuante na área de Comunicação Eleitoral e Marketing Político desde 2000. Hellen trabalhou como Coordenadora de programas de Rádio e TV para horário eleitoral, Assessoria de Imprensa e Coordenação de Gestão de Mídias Sociais em campanhas eleitorais e gestão de mandato. Também atuou como redatora, repórter, direção de locutores e estrategista. Foi professora na Pós-Graduação da Faculdade Estácio de Sá. Fundadora do projeto Digital é Poder, voltado a profissionais do Marketing Político Digital, candidatos e políticos em mandato.



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