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Reajuste extra na luz em fevereiro

Como os especialistas de energia já alertaram, a bandeira tarifária para fevereiro de 2015 será vermelha, a exemplo do que já ocorreu em janeiro. Para os consumidores, isso significa um acréscimo de R$ 3 a cada 100 quilowatts-hora (KWh) consumidos, exceto para os estados do Amazonas, Amapá e Roraima, que não fazem parte do Sistema Interligado Nacional (SIN). Os analistas dizem que a cor deve prevalecer todo o ano de 2015, porque, sem chuvas, as termelétricas vão continuar despachando no limite, como ocorreu no ano passado.

Nem bem adotou o sistema, que começou a vigorar em janeiro, o governo já estuda aumentar o valor das bandeiras de 30% a 40% para ajudar a tapar o rombo das distribuidoras. Descontratadas, as concessionárias foram obrigadas a comprar energia no mercado de curto prazo, com preço mais caro. Para minimizar o deficit, o governo intermediou uma operação inédita, e conseguiu que a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) tomasse dois empréstimos bancários, totalizando R$ 17,8 bilhões. Esse valor será pago pelos consumidores. Com os juros, deve custar R$ 26,6 bilhões, apurou o Tribunal de Contas da União (TCU).

O dinheiro dos dois empréstimos, contudo, foi insuficiente e faltam R$ 2,5 bilhões para quitar as operações de novembro de dezembro de 2014, que venceriam em janeiro e fevereiro de 2015. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já postergou duas vezes o prazo para pagamento. As duas faturas devem vencer em fevereiro. A medida pretende fazer o governo ganhar tempo, enquanto negocia um terceiro financiamento com bancos públicos para cobrir o rombo e estuda aumentar as bandeiras tarifárias para os consumidores arcarem com a fatura.

Pelo sistema de bandeiras, as cores verde, amarela e vermelha indicam se a energia custará mais ou menos em função das condições de geração de eletricidade, para os quatro subsistemas do SIN. Assim, o consumidor poderá identificar qual bandeira do mês e reagir a essa sinalização com o uso consciente da energia elétrica, sem desperdício. Na cor verde, não há acréscimo. Na amarela, o aumento é de R$ 1,50 a cada 100 KWh consumidos. No caso da sinalização vermelha, conforme anteciparam os especialistas do setor, o acréscimo é de R$ 3 a cada 100 kWh.
Campanha para reduzir consumo de energia

O governo admitiu, pela primeira vez, a necessidade de conter a demanda elétrica no país, e estuda medidas nessa direção para serem lançadas dentro de 60 a 90 dias, ao término do chamado período chuvoso, informou ontem o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. “Vamos lançar um programa de eficiência energética que, com certeza, vai ter impacto muito positivo”, avisou. Entre as medidas a serem lançadas está uma campanha de rádio e televisão estimulando a economia voluntária de energia elétrica pela população.

Segundo ele, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e técnicos de sua pasta estão se reunindo nos últimos dias para avaliar ações, juntamente com o setor. “Estamos analisando não um incentivo fiscal, mas acho que temos que estabelecer alguma forma de premiar a eficiência energética”, resumiu.

Braga e o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, já haviam dito mais cedo, após se reunirem, que o setor elétrico enfrenta desafios e está dependente de chuvas a partir de fevereiro para que sejam definidas diretrizes de operação futuras. As declarações ocorreram após o órgão divulgar previsões pessimistas para as chuvas que devem atingir as represas das hidrelétricas no mês que vem, muito abaixo das médias históricas na maioria das regiões do Brasil.

O ONS voltou a colocar todas as fichas em São Pedro. “Tem que esperar fevereiro, que é um dos meses em que mais chove”, disse Chipp, lembrando que foi a partir desse período, especialmente nos meses de março e abril, que as chuvas se intensificaram. “O cenário é desafiador, porque a gente precisa de chuva, e chuva ninguém consegue prever com mais de 10 dias para frente. É um desafio mesmo, não tem mais margem de manobra, o grande vilão é a chuva mesmo”, acrescentou.

O ministro disse que o cenário de fornecimento de eletricidade ao país é desafiador nos horários de pico de consumo, mas que o governo está trabalhando para garantir o abastecimento. “Energia temos, o nosso problema é quando ocorrem os picos de demanda”, observou. Segundo ele, há cerca de 5 mil megawatts adicionais no sistema disponíveis para reforçar o atendimento.

O ONS informou que as chuvas em fevereiro, que deverão chegar aos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste, serão equivalentes a 52% da média histórica para o mês. O cenário é melhor que o de janeiro, quando choveu 39% da média. Ainda assim, as represas não deverão recuperar os níveis já baixos do período úmido de 2014. 

Braga citou ainda que outras medidas podem ser tomadas para reforçar o fornecimento de energia no país, como importar mais energia da Argentina e ligar a termelétrica Uruguaiana, sem falar do avanço do sistema de transmissão das hidrelétricas do rio Madeira, que poderá trazer energia dessas usinas para o Sudeste do país, está em fase de conclusão.
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